Comprar uma casa é uma decisão que envolve vários fatores, entre eles a escolha do imóvel certo, a reserva financeira para dar a entrada e o planejamento para pagar as parcelas do financiamento. Em alguns casos, esse subsídio vem de uma sociedade de crédito imobiliário.

Por meio dela, é possível fazer financiamentos de imóveis de programas habitacionais específicos; inclusive, as taxas de juros e as condições para gerenciar o processo todo são bem mais vantajosas. Por isso, essas sociedades geralmente são voltadas para a população de baixa renda.

O que é uma sociedade de crédito imobiliário?

A sociedade de crédito imobiliário é um tipo de instituição financeira especializada em financiamento para construção de casas e capital de giro para construtoras. Mas está vinculada aos bancos, então não existe de forma independente. 

Elas surgiram na década de 1960 e subsidiaram a construção de milhares de casas populares pelo Brasil. Muitos bairros em cidades de médio e grande porte surgiram por conta desses programas habitacionais. Havia o Banco Nacional da Habitação (BNH), a Haspa (Habitação São Paulo), entre outros.

Com o tempo, esses programas passaram a ser gerenciados pelas sociedades de crédito, com a criação de novos programas habitacionais. Assim, hoje esse crédito imobiliário é voltado para programas de habitação do governo, como o antigo Minha Casa, Minha Vida — atualmente, o Casa Verde e Amarela.

Como elas funcionam?

Sua fonte de recursos vem de poupança, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), depósitos interfinanceiros (feitos entre bancos) e repasses do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). De acordo com a legislação, elas devem ser uma sociedade anônima (S/A), fazer parte do sistema brasileiro de poupança e empréstimo, estar ligadas a um banco e seguir as regras do Banco Central.

Além disso, a sociedade de crédito imobiliário deve fazer parte do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), o ente que organiza e faz os repasses desses recursos às instituições financeiras. Por meio dessa sociedade, os clientes podem financiar seus imóveis ou as incorporadoras conseguem capital de giro.

De resto, a forma de financiamento imobiliário é a mesma dos bancos tradicionais. Mas, como são voltados para um público específico, há algumas vantagens em relação aos financiamentos que conhecemos.

Sociedade de crédito vs. cooperativa de crédito

Os dois termos podem parecer semelhantes, mas o funcionamento é bastante diferente. Enquanto a sociedade de crédito imobiliário é geralmente ligada a um banco e repassa recursos públicos, a cooperativa é uma associação de pessoas que organizam uma instituição financeira.

Nelas, os associados fazem contribuições mensais, como se fosse uma poupança ou um investimento. Esse dinheiro fica disponível para empréstimos e financiamento imobiliário, por exemplo, com cobrança de juros e taxas, da mesma maneira que em um banco tradicional.

Contudo, diferentemente dos bancos, as cooperativas distribuem os lucros (que aqui são chamados de sobras) aos associados no final do ano. Os juros de uma cooperativa tendem a ser mais baixos que os dos bancos.

Efeitos das sociedades de crédito

O surgimento da sociedade de crédito imobiliário movimentou bem o mercado imobiliário, em virtude das condições de financiamento mais favoráveis para a população de baixa renda. Os juros são mais baixos, e o prazo para pagamento é de até 30 anos.

As construtoras e incorporadoras também se beneficiaram com o surgimento da sociedade de crédito imobiliário. Elas têm mais vantagens e facilidades para financiar as construções dos programas habitacionais do governo. 

Como conseguir financiamento?

Seja para financiamento tradicional, seja para sociedade de crédito imobiliário, os procedimentos são os mesmos. As instituições financeiras solicitam dos clientes uma série de documentos, como RG, CPF, comprovante de estado civil, além da análise do histórico financeiro do cliente, para conseguir a aprovação do crédito.

Um documento em particular faz toda a diferença no financiamento de programas habitacionais: o comprovante de rendimentos. É com ele que a sociedade estabelece a taxa de juros das parcelas, a qual varia de 4,75% até 7,16% ao ano, dependendo da renda bruta familiar.