Já ouviu falar em circuit breaker? Antes de março de 2020, a Bolsa de Valores (B3) só havia acionado esse mecanismo em seis anos diferentes; o último tinha sido 2017. Essa decisão afetou tanto a economia brasileira quanto o Ibovespa (índice da Bolsa de Valores).
Quer entender como esses pregões afetam a economia e as suas operações de crédito? Veja o texto abaixo, em que a equipe da Melhortaxa explica o que é circuit breaker e por que ele é necessário em tempos de crise.
O que é circuit breaker?
As negociações na Bolsa de Valores são conhecidas por serem investimentos de risco, mas existem mecanismos que protegem os investidores de sofrerem grandes prejuízos com as oscilações do mercado; um deles é o circuit breaker.
Trata-se de um mecanismo exclusivo da B3, que é acionado quando as quedas de valores no mercado de ações são bruscas e incomuns e, diante disso, paralisa todas as compras e vendas de títulos. O circuit breaker interrompe o pregão, que é o período no qual a Bolsa de Valores faz as negociações de ações e derivativos.
O objetivo do circuit breaker é permitir que o Ibovespa consiga equilibrar os números de negociações, evitando novas situações incomuns. Dessa forma, ele visa proteger o mercado de sofrer uma queda tão grande que causasse prejuízos incorrigíveis nos negócios registrados na B3.
A função para a economia
Como citamos acima, esse tipo de mecanismo de proteção é acionado para proteger tanto investidores e empresas como a economia no Brasil. Em geral, o circuit breaker é aplicado quando o país está em crise, econômica ou não.
Além disso, é utilizado como estratégia pela Bolsa de Valores para evitar que haja uma retirada coletiva de grande quantidade de capital aplicado. Isso quer dizer que ameniza os efeitos que essa queda brusca pode gerar no país.
Como funciona?
Para entender como funciona o circuit breaker, primeiro é importante saber como essas oscilações atípicas ocorrem. Quando o país está em uma situação de crise ou guerra, que coloca em dúvida a economia, é normal que os investidores recuem — o que gera essa queda.
As regras do circuit breaker são simples, apesar de trazerem grandes consequências. Para ajudar você a entender, a Melhortaxa separou em tópicos as três situações em que esse mecanismo é acionado. Confira abaixo.
Queda de 10%
O índice varia muito ao longo do dia, mas quando o índice Bovespa cai a 10% em relação ao dia anterior, as atividades são suspensas por 30 minutos. Esse foi o caso da primeira vez em que o circuit breaker foi acionado em 2020, no dia 9 de março.
Queda de 15%
Por outro lado, caso a desvalorização continue depois do pregão de 30 minutos, alcançando a diferença de 15% do dia anterior, a B3 deve, mais uma vez, suspender as atividades. Porém, dessa vez, o fechamento dura uma hora, esperando que as operações voltem ao normal.
Queda de 20%
Se, depois de voltar a funcionar normalmente, a queda alcançar o patamar de 20% — percentual máximo tolerado —, a Bolsa de Valores precisa suspender todas as operações, sem data para retornar.
Essas ações são medidas preventivas nas quais a B3 tenta voltar às atividades. Porém, quando não consegue, o ideal é paralisar todas as negociações e esperar um momento mais favorável.
Circuit breaker na história brasileira
O primeiro uso do circuit breaker no Brasil foi em 1997, durante a crise asiática entre Tailândia, Filipinas, Malásia e Coreia do Sul. Os reflexos dessa situação foram sentidos nas bolsas do mundo inteiro, quando a Bolsa de Valores de Hong Kong atingiu uma queda de 10,4%.
A B3 sofreu três paralisações naquele ano: em 27 de outubro e em 7 e 12 de novembro. Acompanhe a seguir os outros casos em que o circuit breaker foi acionado na economia no Brasil:
- 1998: durante a crise financeira russa, a B3 teve que acionar o mecanismo em cinco momentos diferentes;
- 1999: período de mudança no regime de câmbio brasileiro, fazendo com que o real fosse desvalorizado (houve dois períodos de interrupção do pregão);
- 2001: quando houve o atentado às torres gêmeas em Nova Iorque;
- 2008: quando houve a grande quebra da Bolsa de Valores dos Estados Unidos, na qual o mercado de ações parou seis vezes;
- 2017: em consequência da delação do dono da JBS, Joesley Batista, em que denunciava detalhes de operações criminosas com vários políticos — incluindo Michel Temer, presidente do Brasil na época;
- 2020: por conta da concorrência por petróleo, do corte das taxas de juros e da pandemia da covid-19, várias ações caíram. O dispositivo da B3 chegou a entrar em ação seis vezes em uma semana.
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