Quando o assunto é comprar um imóvel, o consumidor brasileiro tem se dedicado não só à árdua missão de escolher, como também à de analisar detalhadamente todos os fatores tecnológicos que englobam um empreendimento. Cada vez mais exigentes e atualizadas sobre as inovações da indústria da construção, as pessoas têm se demonstrado dispostas a pagar mais por um empreendimento que incorpore novas tecnologias, que resultem em maior economia, segurança, conforto, sustentabilidade ambiental, entre outros diferenciais. É o que aponta uma pesquisa realizada pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e coordenada pelo Instituto SENSUS, realizada em 23 Estados e no Distrito Federal, com 1.100 pessoas.
Segundo a pesquisa, mesmo entre famílias com renda entre cinco e dez salários mínimos, é significativo o volume de consumidores que aprovariam pagar 10% ou mais do valor do imóvel pelo conjunto de inovações apresentadas. O percentual cresce na proporção em que aumenta o nível de escolaridade dos entrevistados, chegando a 61,4% de aprovação na faixa com renda superior a 20 salários mínimos.
Para o presidente da CBIC, Paulo Safady Simão, o estudo confirma o que até então era apenas um “sentimento” do mercado: que o consumidor brasileiro, em todas as faixas de renda, está antenado com as inovações tecnológicas cada vez mais presentes na indústria da construção e valoriza essas novas tecnologias na medida em que elas estejam claramente relacionadas a benefícios substantivos e que não impliquem gastos excessivos.
“A pesquisa é fundamental porque estamos saindo do âmbito do palpite e agora podemos aferir que existe um anseio do consumidor brasileiro por inovação e que esse mercado tem amplo espaço para se expandir. Com os dados fornecidos pela pesquisa, fabricantes de materiais e construtores têm agora mais segurança para aumentar os investimentos em novos produtos e novas metodologias construtivas e para ampliar o uso de inovações no setor. Com mais investimento e com ganho de escala, essas novas tecnologias terão seu custo reduzido e poderão chegar a um público muito maior”, afirma Paulo Simão.
Sustentabilidade. Com os problemas ambientais exaltados frequentemente no cotidiano humano, as exigências são notadas principalmente no que envolve economia e preservação do meio ambiente.
Diante dessa nova realidade, usinas de preservação de madeiras passam a oferecer produtos diferenciados, com mais elaboração e acabamento, para atender a demanda do novo consumidor. A madeira engenheirada é uma evolução da madeira tratada na construção, tanto em elementos estruturais, quanto na interface com outros materiais, tais como esquadrias, portas, concreto e vidro, o que é fundamental para o conceito de construção industrializada ou pré-fabricada, e melhora a visibilidade da madeira na obra. Além disso, estruturas capazes de aproveitar a luz solar, paredes aeradas para darem maior conforto térmico, reservatórios para captar água da chuva e outras medidas têm sido adotados.
“Acreditamos que os empreendimentos sustentáveis serão uma tendência do mercado em curto prazo”, pontua José Humberto, diretor da GMI Empreendimentos Imobiliários.
Novas medidas são adotadas em imóveis de vários padrões
Presentes em empreendimentos de alto padrão, as novas tecnologias entram também na pauta de moradias de outros perfis imobiliários. Destinado à classe C, o Mirante do Sol, da Construtora Casa Mais, em Sabará, ilustra esse quadro.
O edifício conta com sistema de captação de chuva, que coleta e armazena a água para que possa ser usada de várias formas; painéis solares fotovoltaicos, que produzem energia a partir do sol sem custos e sem gerar resíduos; sensores de presença, que identificam quando há pessoas no local e acendem a lâmpada, desligando-a depois de um tempo; lâmpadas de baixo consumo; medidores de água individuais; e ecotelhado ou telhado verde, um jardim suspenso que diminui a temperatura e traz conforto térmico e acústico.
“O preço se mantém. Com projetos inteligentes é possível encontrar materiais ecologicamente corretos, e de excelente qualidade, a valores bastante semelhantes aos tradicionais”, ressalta Peterson Querino, presidente da Construtora Casa Mais.
“Os empreendimentos construídos dentro do Minha Casa, Minha Vida precisam incorporar essas inovações. Racionalização do consumo de energia, redução do consumo de água, geração de energia por meio de placas fotovoltaicas, entre outros avanços tecnológicos, são benefícios que precisam chegar a todo o conjunto da população. Mas, para isso, será necessário inserir no programa novos parâmetros de sustentabilidade”, diz Paulo Simão, da CBIC.
Redação: MÁRCIA XAVIER, de O Tempo