Com os fortes indícios de que a crise econômica deve se manter em 2016, o preço dos imóveis no país devem se manter em baixa. De acordo com o Índice FipeZap, que acompanha o preço médio dos imóveis em 20 cidades brasileiras, o valor médio do metro quadrado nas regiões incluídas no índice subiu apenas 1,32% entre janeiro e novembro 2015. Considerado o efeito da inflação, isso significa que os preços tiveram queda real (variação inferior à inflação) de 7,44% no período.

Para João da Rocha Lima, professor titular de real estate da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), os preços devem se manter em baixa. “2016 é o ano de comprar e, a não ser que o país entre em uma depressão econômica brutal, em 2017 os preços tendem a ser maiores, pensando em um grau de recuperação qualquer”, diz. No entanto, ele diz que esses descontos tendem a diminuir ao longo do ano, já que as empresas já estão buscando se ajustar à nova realidade, de menor demanda.

Os descontos hoje são oferecidos porque os imóveis lançados em 2015 se depararam com uma demanda reprimida, diante da queda de confiança do comprador. Assim, para conseguir vender suas unidades em estoque em um momento de baixa procura, as construtoras foram obrigadas a reduzir seus preços.

“A incerteza sobre os rumos do país se reflete em preços baixos. Não é algo homogêneo, mas os compradores conseguem achar preços convidativos em diversas regiões”, afirma Claudio Bernardes, presidente do Secovi-SP. Segundo dados do Secovi, o preço médio dos imóveis ofertados em São Paulo caiu 10% de janeiro a novembro de 2015, o que significa que é possível encontrar unidades com descontos nessa faixa hoje na cidade.

O comprador que tiver estabilidade financeira e um valor razoável para oferecer como entrada deve, sim, aproveitar os descontos de imóveis agora, ainda que as taxas de juros estejam altas. Neste ano, o comprador conseguirá negociar preços e os descontos podem compensar as taxas de juros mais altas.

Caso as taxas de juros diminuam futuramente, vale ressaltar que o tomador pode fazer a portabilidade de crédito para outros bancos e aproveitar as taxas menores. De acordo com a resolução 4.292 do Conselho Monetário Nacional (CMN), os bancos são obrigados reaalizar a transferência do financiamento para outras instituições, caso o cliente queira. 

De todo modo, é importante se certificar de que o desconto no valor do imóvel realmente compensa os juros mais altos ou se o preço está mais baixo apenas porque a construtora aumentou o preço de tabela, para divulgar "valores promocionais". Para isso, vale pesquisar os preços de imóveis semelhantes na mesma região.

Bom negócio para quem pode investir – Diante da expectativa de preços menores em 2016, o ano pode ser uma boa oportunidade para comprar imóveis com o objetivo de investir, segundo o professor de Real Estate da Poli-USP.

Ele afirma que o mercado imobiliário está se desestruturando neste momento já que as empresas estão buscando desovar seus estoques e reduzindo seus níveis de produção. Portanto, quando a economia se recuperar, a demanda que estava reprimida, mas não extinta, deve voltar e a oferta pode ser insuficiente. Assim, os preços podem ser pressionados.

“As empresas podem demorar a retomar sua capacidade de produção, o que pode gerar escassez de oferta. O investidor que enxergar isso e conseguir investir em um imóvel agora pode conseguir vendê-lo por um bom valor lá para o final de 2017, em um cenário pós-crise”, diz Rocha Lima.