O mercado imobiliário nacional vive uma fase de estabilização dos preços após três anos de fortes altas. Pesquisa da FipeZap, divulgada na segunda-feira, indicou que as cotações do metro quadrado, tanto para usados quanto para lançamentos, subiram menos do que a inflação. De janeiro a abril, o valor do imóvel pronto caiu 0,5% em média, descontada a inflação do período, projetada em 2,99%, segundo o IPCA. Para o Secovi-RS, trata-se de um movimento normal depois de um período de euforia. As construtoras, por sua vez, reclamam do excesso de burocracia para realizar novos lançamentos em Porto Alegre, o que deve garantir a recuperação dos valores em longo prazo devido à demanda ainda em alta em comparação com a oferta. 

Estudo realizado pelo Secovi apontou aumento de 0,54% no valor do metro quadrado dos imóveis residenciais usados em fevereiro de 2014, abaixo da inflação de 0,69%. A variação foi de 5,14% no semestre e de 11,57% nos últimos 12 meses. De acordo com o vice-presidente de comercialização da entidade, Gilberto Cabeda, a tendência de aumento abaixo ou no nível da inflação era esperada. “Os últimos três anos foram de euforia para diversos setores da economia. Os preços subiram extraordinariamente no mercado imobiliário nesse período. Agora, houve um processo de estabilização do preço dos imóveis, mas não consigo vislumbrar um movimento de queda”, afirmou.

Para exemplificar o comportamento do mercado, Cabeda cita a diminuição do número de lançamentos por parte das construtoras: “Os lançamentos diminuíram de uma forma muito expressiva. Hoje, temos 50% menos do que há dois anos. Por isso, as construtoras estão apresentando promoções com descontos substanciais. São sinais que estamos voltando às condições normais depois de um período de forte crescimento. Trata-se de um bom momento para adquirir imóveis”. A projeção de Cabeda é de recuperação do mercado imobiliário apenas em 2015. “A partir de agora, os preços devem crescer conforme a inflação. A recuperação das vendas deve ocorrer a partir de março ou abril do próximo ano.” 

Falando especificamente dos imóveis novos, o diretor regional da Rossi para o Sul do Brasil, Gustavo Kosnitzer, reconhece a estabilização dos valores. “Em 12 meses, o crescimento dos preços em Porto Alegre estão muito próximos da inflação, o que mostra uma acomodação”, disse. A longo prazo, entretanto, a projeção é de elevação devido ao escasso número de lançamentos em comparação com a boa procura na capital gaúcha. “A ponta de venda segue forte, mas terminamos o ano com os estoques mais baixos. Ou seja, se consumiu muito e se lançou pouco. Por isso, especialmente em Porto Alegre, notamos uma tendência até de aumento do preço em médio ou longo prazo.”

De acordo com Kosnitzer, houve uma queda de 17% no número de lançamentos em Porto Alegre, baixando de 5.352 em 2012 para 4.495 em 2013. Os números, na sua opinião, devem contribuir para a recuperação dos preços e estão ligados a burocracia excessiva na aprovação de projetos em comparação com outras capitais. “Essa é uma questão problemática, específica de Porto Alegre. Poderíamos estar lançando mais, mas não conseguimos aprovações de projetos. Com isso, a demanda é maior do que a oferta. E, além disso, o índice de preço médio está abaixo de outras cidades, dando espaço para valorização”, ressalta. 

Fonte: Jornal do Comercio/ Luiz Eduardo Kochhann